sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Vozes

Vozes!
ouço vozes
ouço vozes do além ...amém!


Ouço vozes da montanha
vozes da ossada canina
vozes torturosas
minuciosas...
talvez! silenciosa!



Ouço vozes do tempo
vozes ao vento
vozes noturnas
vozes solitárias



Ouço vozes de secretárias
vozes de sentenças
vozes de penitências
vozes de pecados



Ouço tantas vozes!
vozes!.



Marcelo Moreira Marques

Mal e Mau

Mau e Mal – Mais bem (ou melhor) Colocado
Em atenção a pedido de José dos Santos, A.L.S. e V.Y., de JI-Paraná, Brasília e Mogi das Cruzes, respectivamente, vamos ver a diferença entre ‘mau’ e ‘mal’.
Mau, o contrário de bom, é adjetivo – portanto sempre acompanha um substantivo – e tem o feminino (plural: maus e más):
  • Fez um mau negócio, num mau momento.
  • Os homens maus e as mulheres más sempre se dão mal.
  • O lobo mau enfrentou um homem bom.
Mal tem por antônimo a palavra bem e pode ser
(1) advérbio de modo; neste caso fica invariável e no mais das vezes acompanha um verbo ou um adjetivo:
  • Quando ele se comporta mal, nada vai bem.
Isso pegou mal.
  • Ela joga muito mal.
  • Ele é mal-humorado.
  • Estamos mal servidos.
(2) substantivo:
  • O pequeno mal que o remédio provoca é compensado pelo bem que lhe traz.
  • Ele não imagina o mal que fez.
(3) conjunção:
  • Mal
O comparativo de superioridade de mau e mal é pior, o que equivale a mais mal:
  • Ele fez o pior negócio da sua vida.
  • Esse rapaz joga pior do que os demais.
O comparativo de superioridade de (mais) bom e (mais) bem é melhor:
  • Margô é uma atleta melhor do que suas colegas.
  • Os gêmeos são os melhores alunos da turma.
  • O brasileiro se saiu melhor do que os americanos.
  • Ela fala inglês melhor do que seus irmãos.
No entanto, diz a regra que quando vêm antes do particípio, os advérbios mal e bem não se contraem com o mais que os procede: mais bem aceito, mais mal ajeitado; o trabalho mais bem feito, as ruas mais bem calçadas.
Mais bem (ou melhor) Colocado
João Ricardo Pupo, Augusto F. Pouchain Júnior e Zeca dirigiram-se ao Mural de Consultas da Língua Brasil para questionar o uso de mais bem colocado, mais bem aceito, mais bem feito no lugar de melhor.
Como vimos na nota anterior, a forma clássica, original, é justamente a não contraída: o time mais bem colocado, as questões mais bem aceitas, a frase mais bem elaborada, os políticos mais bem instruídos. No entanto, pelo fato de mais bem ser sintetizado para melhor, a expressão se transformou com o tempo, e hoje se admite o uso de melhor em construções como estas:
  • O time que for melhor colocado terá privilégios.
  • Parece que agora os papéis estão melhor distribuídos em termos sociais.
De qualquer forma, use o ouvido e o bom senso para fazer a melhor escolha. No caso do advérbio com sentido negativo, contudo, sempre use menos bem, e não ‘pior’:
  • Entram em primeiro lugar os alunos pequenos, depois os grandes; em frente ficam os menores de confiança; mais em vista do professor, os menos bem comportados.
chegou de viagem, já deseja partir.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Emprego dos Pronomes Demonstrativos

      Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode-se dar em termos de espaço, tempo ou discurso. Vamos abordar aqui as situações em que o uso de demonstrativos é produtivo ou problemático para o falante, recomendando o uso dominante entre os falantes cultos.


1. Este, esse, aquele e suas flexões

     Utilizamos estas pró-formas para localizar os nomes no tempo, no espaço e no próprio texto:



  • No espaço:



  •      Vale para o uso dos demonstrativos a relação com as pessoas do discurso: este para próximo de quem fala (eu); esse para próximo de quem ouve(tu); aquele para distante dos dois (ele).



    Exemplos:

    Este documento que eu estou entregando apresenta a síntese do projeto.

    Se tu não estás utilizando essa régua, podes me emprestar por alguns minutos?

    Vês aquele relatório sobre a mesa do Dr. Silva? É o documento a que me referi.


         Em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de fala), são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los pode causar ambigüidade.


    Exemplos:

    Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade destinatária).

    Reafirmamos a disposição desta universidade em participar no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que envia a mensagem).



  • No tempo:


  • e suas flexões referem-se ao tempo presente ou futuro.


    Exemplos:

    Nestas próximas semanas, estarão ocorrendo as inscrições para o concurso vestibular.

    No final desta semana, o Diretor de nossa Unidade irá a São Paulo.

    Este ano de 2002 está sendo marcado pela violência no Oriente Médio.


    e suas flexões referem-se a tempo recentemente decorrido.


    Exemplo:

    Ninguém esquecerá os acontecimentos desse trágico 21 de setembro.


          e suas flexões referem-se a um passado mais distante.

      Exemplo:

      Falávamos daquele período em que as mulheres obtiveram o direito ao voto.


           Evidentemente, não há limites precisos para o uso de esse e aquele, sendo a última palavra sempre determinada pela adequação ao contexto.


        • No discurso:
             Quando bem utilizados, os demonstrativos são eficientes elementos de coesão entre o que se está falando e o que já se disse ou irá dizer adiante. Deve-se utilizar este e suas flexões em dois casos: para adiantar o que se vai dizer ou para remeter a algo recém dito, quando esse já-dito comportar mais de uma retomada.


        Exemplos:

        Nosso povo sofre com mutos problemas, dentre os quais estes: miséria, fome e ignorância.

        Admiração, respeito, amizade? Talvez, pensava ela, este (último) seja o mais importante e perene dos sentimentos.


             Outra situação importante ocorre quando queremos retomar por demonstrativos mais de um elemento já mencionado.


        Exemplo:

        O velho, o índio e o negro são discriminados por motivos diversos: aquele, por ser improdutivo para a sociedade de consumo; esse, por ser considerado atrasado e preguiçoso; este, por não se ter libertado, ainda, do estigma da escravidão.


             Quando se quer retomar apenas dois elementos, elimina-se a forma intermediária esse.


        Exemplo:

        As crianças da classe média têm um futuro mais promissor do que os filhos de pais das classes menos favorecidas, porque àquelas se dão oportunidades que se negam a estes.


             Veja a ilustração para esses dois últimos casos:



        1. Emprego de este, esse e aquele em relação a três termos




        Este: indica o que se referiu por último.
        Esse: se refere ao penúltimo.
        Aquele: indica o que se mencionou em primeiro lugar.


        2. Emprego de este e aquele em relação a dois termos citados anteriormente



        Este: indica o que se referiu por último.
        Aquele: indica o que se referiu em primeiro lugar.



        2. Mesmo, próprio e suas flexões


             Observe as frases:

        (a) Ele mesmo digitará o texto final.

        (b) Eles mesmos digitarão o texto final.

        (c) Ele vai mesmo digitar o texto final?

        (d) Eles vão mesmo digitar o texto final?


             Por que será que na frase (b) a palavra mesmo é flexionada no plural e na frase (d) não? A resposta é lógica, e encontra-se na relação que esses termos estabelecem com outros elementos da frase. No caso de (a) e (b), mesmo/s se refere a ele/s, podendo ser substituído por próprio/s; no caso de (c) e (d), mesmo se refere a vai digitar , podendo ser substituído por realmente. Se quiser ir adiante, saiba que mesmo e próprio, no primeiro caso, são pronomes e, como tal, acompanham a flexão do nome; no segundo caso, mesmo é advérbio, e como todos os advérbios são invariáveis.


      • Este

      • Esse

      • Aquele
      • segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

        Mário de Andrade



        Mário de Andrade

        Eu sou um escritor difícil
        Que a muita gente enquisila,
        Porém essa culpa é fácil
        De se acabar de uma vez:
        E só tirar a cortina
        Que entra luz nesta escuridez.

        (A Costela de Grão Cão)

        1893
        : Nasce Mário Raul de Moraes Andrade, no dia 9 de outubro, filho de Carlos Augusto de Moraes Andrade e Maria Luísa Leite Moraes Andrade; na Rua Aurora, 320, em São Paulo - SP.
        1904: Escreve o primeiro poema, cantado com palavras inventadas. "O estalo veio num desastre da Central durante um piquenique de subúrbio. Me deu de repente vontade de fazer um poema herói-cômico sobre o sucedido, e fiz. Gostei, gostaram. Então continuei. Mas isso foi o estralo apenas. Apenas já fizera algumas estrofes soltas, assim de dois em três anos; e aos dez, mais ou menos, uma poesia cantada, de espírito digamos super realista, que desgostou muito minha mãe. "— Que bobagem é essa, meu filho?" — ela vinha. Mas eu não conseguia me conter. Cantava muito aquilo. Até hoje sei essa poesia de cor, e a música também. Mas na verdade ninguém se faz escritor. Tenho a certeza de que fui escritor desde que concebido. Ou antes... Meu avô materno foi escritor de ficção. Meu pai também. Tenho uma desconfiança vaga de que refinei a raça..." Este o depoimento do escritor a Homero Senna, publicado no livro "República das Letras", Editora Civilização Brasileira - Rio de Janeiro, 1996, 3a. edição, sobre como havia começado a escrever.
        1905: Ingressa no Ginásio N. Sra. do Carmo dos Irmãos Maristas.
        1909: Forma-se bacharel em Ciências e Letras. Terminado o curso multiplica leituras e freqüenta concertos e conferências.
        1910: Cursa o primeiro ano da faculdade de Filosofia e Letras de São Paulo.
        1911: Inicia estudos no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
        1913: Morre seu irmão Renato, aos 14 anos, devido a complicações decorrentes de uma cabeçada em jogo de futebol. Abalado pelo fato e trabalhando em excesso, Mário tem uma profunda crise emocional. Passa um tempo em Araraquara, na fazenda da família. Quando retorna desiste da carreira de concertista devido a suas mãos terem se tornado trêmulas. Dedica-se, então a carreira de professor de música.
        1915: Conclui curso de canto no Conservatório.
        1916: Conclui, como voluntário, o Serviço Militar.
        1917: Diploma-se em piano pelo Conservatório. Morre seu pai. Publica Há uma gota de sangue em cada poema, poesia, sob o pseudônimo de Mário Sobral.. Primeiro contato com a modernidade na Exposição de Anita Malfatti. Primeira viagem a Minas: encontra o barroco mineiro, visita Alphonsus de Guimarães. Já iniciou sua Marginália.
        1918: Recebe Diploma de Membro da Congregação Mariana de N. Sra. da Conceição da Igreja de Santa Ifigênia. Noviciado na Ordem Terceira do Carmo. Nomeado professor no Conservatório. Escreve contos e poemas. Colabora ocasionalmente em jornais e revistas como crítico de arte e cronista; em A Gazeta e O Echo (São Paulo).
        1919: Profissão na Ordem Terceira do Carmo à 19 de março. É colaborador de A Cigarra, O Echo e A Gazeta. Viagem à Minas Gerais, visitando as cidades históricas.
        1920: Lê obras Index . Faz parte do grupo modernista de São Paulo. Colabora em Papel e Tinta (São Paulo), na Revista do Brasil (Rio de Janeiro - até 1926) e na Illustração Brasileira (Rio de Janeiro - até - 1921).
        1921: É professor de História da Arte no Conservatório. Pertence à Sociedade de Cultura Artística. Está presente no lançamento do Modernismo no banquete do Trianon. É apresentado ao público por Oswald de Andrade através do artigo "Meu poeta futurista" (Jornal do Commércio São Paulo). Escreve "Mestres do passado" para o citado jornal.
        1922: Professor catedrático de História da Música e Estética no Conservatório. Participa da Semana de Arte Moderna em São Paulo, de 13 à 18 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo. Faz parte do grupo da revista Klaxon, publicando poemas e críticas de literatura, artes plásticas, música e cinema. Escreve Losango Cáqui, poesia experimental. Inicia a correspondência com Manuel Bandeira, que dura até o final de sua vida. Publica Paulicéia desvairada, poesia.
        1923: Estuda alemão com Kaethe Meichen-Bosen, de quem se enamora. Faz parte da revista Ariel, de São Paulo. Escreve A escrava que não é Isaura, poética modernista. Continua a colaborar na Revista do Brasil (Rio de Janeiro).
        1924: Realiza a histórica "Viagem da Descoberta do Brasil", Semana Santa dos modernistas e seus amigos, visitando as cidades históricas em Minas. Colabora em América Brasileira (contos de Belazarte), Estética e Revista do Brasil (Rio de Janeiro).
        1925: Colabora n'A Revista Nova de Belo Horizonte. Publica A Escrava que não é Isaura: discurso sobre algumas tendências da poesia modernista. Adquire a tela de André Lhote, Futebol, através de Tarsila.
        1926: Férias em Araraquara, escrevendo Macunaíma. Publica Primeiro andar, contos, e Losango Cáqui (ou Afetos Militares de Mistura com os Porquês de eu Saber Alemão), poesia. Escreve poemas de Clã do Jaboti. Colabora na Revista de Antropofagia, na Revista do Brasil e em Terra Roxa e Outras Terras.
        1927: Colabora no Diário Nacional de São Paulo: crítico de arte e cronista (até 1932, quando o jornal é fechado). Estréia como romancista, publicando Amar, verbo intransitivo, que choca a burguesia paulistana com a história de Carlos, um adolescente de família tradicional iniciado nos prazeres do sexo pela sua Fraülein, contratada por seu pai exatamente para essa tarefa. Lança, também, o livro Clã do Jaboti, de poesias. Realiza a primeira "viagem etnográfica": percorrendo o Amazonas e o Peru, da qual resulta o diário O Turista Aprendiz.
        1928: Membro do Partido Democrático. Realiza sua segunda "viagem etnográfica": ao Nordeste do Brasil (dez. 1928 - mar. 1929). Colabora na Revista de Antropofagia e em Verde. Publica Ensaio sobre a Música Brasileira e Macunaíma - o Herói sem nenhum caráter, onde inova com audácia e rebela-se contra a mesmice das normas vigentes. Com enorme sucesso a obre repercutiu em todo o país por seus enfoques inéditos. Sob um fundo romanesco e satírico, aí se mesclavam numa narrativa exemplar a epopéia e o lirismo, a mitologia e o folclore, a história e o linguajar popular. O personagem-título, um "herói sem nenhum caráter", viria a ser uma síntese, o resumo das virtudes e defeitos do brasileiro comum.
        1929: Inicia coluna de crônicas "Táxi", no Diário Nacional. "Viagem etnográfica" ao Nordeste, colhendo documentos: música popular e danças dramáticas. Rompimento da amizade com Oswald de Andrade. Publica Compêndio de História da Música.
        1930: Apóia a Revolução de 30. Defende o Nacionalismo Musical. Publica Modinhas Imperiais, crítica e antologia, e Remate de Males, poesia.
        1933: Completa 40 anos. Faz crítica para o Diário de São Paulo (até 1935).
        1934: Diplomado Professor honorário do Instituto de Música da Bahia. Cria e passa a dirigir a Coleção Cultural Musical (Edições Cultura Brasileira - São Paulo). Colabora em Festa (Rio de Janeiro), Boletim de Ariel. Publica Belazarte, contos, e Música, Doce Música, crítica.
        1935: É nomeado chefe da Divisão de Expansão Cultural e Diretor do Departamento de Cultura. Publica O Aleijadinho e Álvares de Azevedo.
        1936: Deixa de lecionar no Conservatório. Nomeado Chefe do Departamento de Cultura da Prefeitura.
        1937: É contra o Estado Novo.
        1938: Transfere-se para o Rio de Janeiro (27 jun.), demitindo-se do Departamento de Cultura (12 mai.). É nomeado professor-catedrático de Filosofia e História da Arte na Universidade do Distrito Federal e colabora no Diário de Notícias daquela cidade. Publica Namoros com a Medicina, estudos de folclore.
        1939: Cria a Sociedade de Etnologia e Folclore de São Paulo, sendo seu primeiro presidente. Organiza o 1o. Congresso da Língua Nacional Cantada (jul.). Projeta a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, SPHAN. É nomeado encarregado do Setor de São Paulo e Mato Grosso. Escreve poemas de A Costela do Grão Cão. Publica Samba Rural Paulista, estudo de folclore. É crítico do Diário de Notícias (até 1944) e colabora na Revista Acadêmica (Rio de Janeiro) e em O Estado de S. Paulo. Publica A Expressão Musical nos Estados Unidos.
        1941: Volta a viver em São Paulo, à Rua Lopes Chaves 546. Está comissionado no SPHAN. Colabora em Clima (SP).
        1942: Sócio-fundador da Sociedade dos Escritores Brasileiros. Colabora no Diário de S. Paulo e na Folha de S. Paulo. Publica Pequena História da Música.
        1943: Publica Aspectos da Literatura Brasileira, O Baile das Quatro Artes, crítica, e Os Filhos de Candinha, crônicas.
        1944: Escreve Lira Paulistana, poesia.
        1945: Coberto de reconhecimento pelo papel de vanguarda que desempenhou em três décadas, Mário de Andrade morreu em São Paulo - SP em 25 de fevereiro de 1945, vitimado por um enfarte do miocárdio, em sua casa. Foi enterrado no Cemitério da Consolação. Publicação de Lira Paulistana e Poesias completas.
        Um capítulo à parte em sua  produção literária sem fronteiras é constituído pela correspondência do autor, volumosa e cheia de interesse, ininterruptamente mantida com colegas como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Fernando Sabino, Augusto Meyer e outros. Suas cartas conservaram, de regra, a mesma prosa saborosa de suas criações com palavras — um lirismo que, como ele disse, "nascido no subconsciente, acrisolado num pensamento claro ou confuso, cria frases que são versos inteiros, sem prejuízo de medir tantas sílabas, com acentuação determinada". Coberto de reconhecimento pelo papel de vanguarda que desempenhou em três décadas, Mário de Andrade morreu em São Paulo SP em 25 de fevereiro de 1945.

        Bibliografia:
        - Há uma gota de sangue em cada poema, 1917

        - Paulicéia desvairada, 1922

        - A escrava que não é Isaura, 1925

        - Losango cáqui, 1926

        - Primeiro andar, 1926

        - A clã do jabuti, 1927

        - Amar, verbo intransitivo, 1927

        - Ensaios sobra a música brasileira, 1928

        - Macunaíma, 1928

        - Compêndio da história da música, 1929 (reescrito como Pequena história da música brasileira, 1942)

        - Modinhas imperiais, 1930

        - Remate de males, 1930

        - Música, doce música, 1933

        - Belasarte, 1934

        - O Aleijadinho de Álvares de Azevedo, 1935

        - Lasar  Segall, 1935

        - Música do Brasil, 1941

        - Poesias, 1941

        - O movimento modernista, 1942

        - O baile das quatro artes, 1943

        - Os filhos da Candinha, 1943

        - Aspectos da literatura brasileira 1943 (alguns dos seus mais férteis estudos literários estão aqui reunidos)

        - O empalhador de passarinhos, 1944

        - Lira paulistana, 1945

        - O carro da miséria, 1947

        - Contos novos, 1947

        - O banquete, 1978

        - Será o Benedito!, 1992
        Antologias:
        - Obras completas, publicação iniciada em 1944, pela Livraria Martins Editora, de São Paulo, compreendendo 20 volumes.

        - Poesias completas, 1955

        - Poesias completas, editora Martins - São Paulo, 1972

        - Homenagens:

        - Foi escolhido como Patrono da Cadeira n. 40 da Academia Brasileira de Música.

        Dados obtidos em livros de e sobre o autor e sites da internet.

        O emprego do 'Onde' e 'Aonde'.

        USO DA PALAVRA ONDE

        É chamada a atenção para dois pontos:
        1º- A palavra onde indica lugar, lugar físico e, portanto, não deve ser usada em situações em que a idéia de lugar não
        esteja presente.
        - Não se deve confundir onde com aonde. O a da palavra aonde é a preposição a que se acrescenta e que indica
        movimento, destino. O aonde só pode ser usado quando na expressão existir a idéia de destino.

        Ex: Ir a algum lugar.
        Chegar a algum lugar.
        Levar alguém a algum lugar.
        Dirigir-se a algum lugar.

        Não se pode usar aonde com o verbo morar.
        Ex: Aonde você mora? Errado. O certo é “Onde você mora ?”/ “Em que lugar você mora?”

        Há muita confusão entre aonde e onde. Um exemplo é uma letra de Belchior, “Divina Comédia Humana”, na qual ele
        diz:
        “.... viver a Divina Comédia Humana onde nada é eterno....”
        Em “... viver a Divina Comédia Humana ...” não existe a idéia de lugar. É, apenas, uma situação que seria vivida. Nela,
        na Divina Comédia Humana, nada é eterno.

        Portanto, o correto seria não usar a palavra onde substituindo-a por “em que” ou “na qual”.
        O autor preferiu usar essa forma do dia-a-dia, mas não admissível pela norma culta. Resumo: Não se pode usar a
        palavra onde para ligar idéias que não guardem entre si a relação de lugar.
        Diga “A rua onde mora”, “A cidade onde vive”

        ONDE/AONDE

        “Onde” ou “aonde”? Muitas pessoas algum dia tiveram essa dúvida. E nem vale muito a pena tentarmos esclarecê-la por
        meio dos textos literários, porque não é incomum que até mesmo os grandes escritores utilizem as expressões de modo diferente do que é pregado pela gramática normativa. Preste atenção no trecho desta canção, “Domingo”, gravada pelos Titãs:

        “... não é Sexta-Feira Santa,
        nem um outro feriado,
        e antes que eu esqueça aonde estou,
        antes que eu esqueça aonde estou,
        aonde estou com a cabeça?”
        “Aonde eu estou” ou “onde estou”? Para esta pergunta, a resposta seria: “Estou em tal lugar”, sem a preposição “a”. E
        as gramáticas ensinam que, não havendo a preposição “a”, não há motivo para usar “aonde”. Assim, a forma correta na
        letra da canção seria:

        “... e antes que eu esqueça onde estou,
        antes que eu esqueça onde estou,
        onde estou com a cabeça?”

        Vamos a outro exemplo, a canção “Onde você mora”, gravada pelo grupo Cidade Negra:
        “... Você vai chegar em casa,
        eu quero abrir a porta.
        Aonde você mora,
        aonde você foi morar,
        aonde foi?
        Não quero estar de fora...
        Aonde está você?”

        Quem vai, vai a algum lugar. Portanto, a expressão correta nesse caso é “aonde”.
        Aonde você foi?
        Mas quem mora, mora em algum lugar. Quem está, está em algum lugar. Nesse caso, a expressão correta é “onde”:
        Onde você mora?
        Onde você foi morar?
        Onde está você?

        Veja agora este trecho da canção “Bete Balanço”, gravada pelo Barão Vermelho:
        “Pode seguir a tua estrela,
        o teu brinquedo de star,
        fantasiando um segredo,
        o ponto aonde quer chegar...”
        Ensinam as gramáticas que, na língua culta, o verbo “chegar” rege a preposição “a”. Quem chega, chega a algum lugar.
        A preposição é usada quando queremos indicar movimento, deslocamento. Portanto, a letra da música está correta:

        O ponto aonde você quer chegar.
        Eu chego ao cinema pontualmente.
        Eu chego a São Paulo à noite.
        Eu chego a Brasília amanhã.

        Na linguagem coloquial, no entanto, é muito comum vermos construções como “eu cheguei em São Paulo”, “eu cheguei
        no cinema”. Não há grandes problemas em trocar “onde” por “aonde” na língua do dia-a-dia ou em versos de letras
        musicais populares, dos quais fazem parte o ritmo, a melodia e outros fatores. Mas, pela norma culta, num texto formal, use “aonde” sempre que houver a preposição “a” indicando movimento:
        ir a / dirigir-se a / levar a / chegar a