terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Função sintática do pronome relativo

Funções sintáticas do pronome relativo

        Como já mencionado, os pronomes relativos desempenham função sintática, na oração adjetiva. Para analisá-los, o melhor procedimento é montar a oração adjetiva substituindo o pronome relativo pelo seu antecedente. O próximo passo é verificar a função sintática que o antecedente do pronome relativo exerce na oração adjetiva. A função sintática que ele exerce na oração adjetiva será a mesma exercida pelo pronome relativo:

a)   sujeito:
Fortaleza, [que é a capital do Ceará], é uma linda cidade.
(que substitui Fortaleza – Fortaleza é a capital do Ceará – Fortaleza – sujeito)

b)   objeto direto:
Os trabalhos [que faço] me dão prazer.
(que substitui os trabalhos – faço os trabalhosos trabalhos: objeto direto)

c)   objeto indireto:
As pessoas [de quem gostamos] compareceram à festa.
(quem substitui as pessoas – gostamos das pessoas – das pessoas: objeto indireto)

d)   predicativo do sujeito:
O atleta saudável, [que ele sempre foi,] hoje está fora das pistas por causa de um acidente.
(que substitui o atleta saudável – ele sempre foi o atleta saudável – o atleta saudável: predicativo do sujeito)

e)   predicativo do objeto:
Ele não é mais o jogador ágil [que todos o julgavam  até o ano passado].
(que substitui o jogador ágil – todos o julgavam o jogador ágil – o jogador: objeto direto e ágil: predicativo do objeto)

f)    complemento nominal:
O filme [a que fizeram referência] foi premiado.
(que substitui o filme – fizeram referência ao filmeao filme: complemento nominal)

g)   adjunto adnominal:
O menino [cujo pai é médico] deverá seguir a carreira do pai.
(cujo substitui o menino – o pai do menino é médico – do menino: adjunto adnominal)
h)   agente da passiva:
O jornalista [por quem fui entrevistado] deixou-me bem à vontade.
(quem substitui o jornalista  fui entrevistado pelo jornalistapelo jornalista: agente da passiva)

i)     adjunto adverbial:
A cidade [em que moro] é bastante tranqüila.
(que substitui a cidade – moro na cidadena cidade: adjunto adverbial)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Poesia Concreta

Poesia Concreta
A POESIA CONCRETA

Em 1956, a Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada na cidade de São Paulo, lançou oficialmente o mais controverso movimento de poesia vanguardista brasileira: o concretismo*.
Criada por Décio Pignatari (1927), Haroldo de Campos (1929) e Augusto de Campos (1931), a poesia concreta era um ataque à produção poética da época, dominada pela geração de 1945, a quem os jovens paulistas acusavam de verbalismo, subjetivismo, falta de apuro e incapacidade de expressar a nova realidade gerada pela revolução industrial.

São Paulo vivia então o apogeu do desenvolvimentismo da Era J.K. e seus intelectuais buscavam uma poética ideológica/artística cosmopolita, como tinham feito os modernistas de 1922. Por isso, um dos modelos adotados pelos concretos foi Oswald de Andrade cuja lírica sintética (“poemas-pílula”) representava para eles o vanguardismo mais radical.
* Desde 1952, os jovens intelectuais paulistas vinham procurando um novo caminho através de uma revista chamada Noigandres, palavra tirada de um poema de Erza Pound e que não significa nada.
"Todo o poema é uma aventura planificada"
Em síntese, os criadores do concretismo propugnavam um experimentalismo poético (planificado e racionalizado) que obedecia aos seguintes princípios:
- Abolição do verso tradicional, sobretudo através da eliminação dos laços sintáticos (preposições, conjunções, pronomes, etc.), gerando uma poesia objetiva, concreta, feita quase tão somente de substantivos e verbos;
- Um linguagem necessariamente sintética, dinâmica, homóloga à sociedade industrial (“A importância do olho na comunicação mais rápida... os anúncios luminosos, as histórias em quadrinhos, a necessidade do movimento....”);
- Utilização de paronomásias, neologismos, estrangeirismos; separação de prefixos e sufixos; repetição de certos morfemas; valorização da palavra solta (som, forma visual, carga semântica) que se fragmenta e recompõe na página;
- O poema transforma-se em objeto visual, valendo-se do espaço gráfico como agente estrutural: uso dos espaços brancos, de recursos tipográficos, etc.; em função disso o poema deverá ser simultaneamente lido e visto.
Exemplo destas propostas pode ser encontrado no poema Terra de Décio Pignatari:

ra terra ter
rat erra ter
rate rra ter
rater ra ter
raterr a ter
raterra terr
araterra ter
raraterra te
rraraterra t
erraraterra
terraraterra

Observe-se o despojamento e o jogo verbal deste poema de Haroldo de Campos:
de sol a sol
soldado
de sal a sal
salgado
de sova a sova
sovado
de suco a suco
sugado
de sono a sono
sonado
sangrado
de sangue a sangue
Os recursos visuais
Os recursos visuais são utilizados por Augusto de Campos como no poema abaixo entitulado Eis os amantes:
COLOCAR EIS OS AMANTES
Em Pós-tudo, escrito no fim da década de 80, Augusto de Campos parece fazer o inventário de sua participação no concretismo, identificando o seu papel nas mudanças poéticas e reconhecendo que o caminho revolucionário acabara na mudez*:
COLOCAR POEMA PÓS –TUDO * Mudo aqui tem um sentido ambivalente. Além da indicação de mudez, o termo poderia ser interpretado como forma verbal de mudar, traduzindo assim o início uma nova busca de alternativas por parte do autor, após a experiência concretista.